quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O habitar na pandemia


 

O habitar na pandemia

 

O tempo de confinamento durou mais do que se previa por aqui. E depois de todo esse período em casa, certamente o habitar ganhou algum protagonismo em nossas vidas. Sem querer romantizar a pandemia, é possível que muitos de nós tenha encontrado algum interesse novo ou há muito esquecido nessas horas em casa, como cuidar de plantas, fazer pão, pendurar quadros na parede ou fazer uma boa faxina nas coisas e memórias há muito guardadas.

 Muitos teóricos da arquitetura têm nos últimos anos destacado a importância da criação de espaços públicos de convivência, como Jan Gehl, autor do livro “Cidades para pessoas”. De fato, não há como discordar que uma cidade que respeita a escala humana, oferece uma melhor qualidade de vida. Mas, e quando a cidade silencia e somos obrigados a passar muito tempo reclusos em nossa casa? Está sendo esta uma experiência agradável? É neste ponto que arquitetura e psicologia se convergem. O habitar não é apenas uma construção concreta, não é um substantivo, é um verbo, ou seja, é um exercício diário quem implica abrigo, aconchego e convivência afetiva.

  Não somos seres naturais, baseados em instintos. Nós não nos adaptamos ao mundo, nós criamos o mundo, modificamos a natureza, e construímos os nossos abrigos. O habitar é uma atividade eminentemente humana. Se a cidade, o bairro, tem mais esse exercício da convivência social, é na casa que o espaço do íntimo está mais propício. É o espaço onde se pode também viver com mais propriedade a solidão (mesmo que os filhos insistam em contradizer isso!).

 Solidão não como sinônimo de tristeza, mas como uma grande oportunidade para a investigação de nós mesmos, de nos encontrarmos com nossos medos. E nesses tempos em casa talvez seja válido baixar um pouco a pulsão escópica de ver lives e se encontrar também com os silêncios e sons. Passar um tempo escutando boas músicas, sem imagens, sem TV no mute, pode ser uma atividade muito prazerosa.

Muitas pessoas têm vivido esse período como uma grande pausa, uma grande espera, para voltar à antiga vida. Mas não se “volta” pra lugar algum, a vida continua acontecendo mesmo quando a gente não bate ponto. Se não fosse a pandemia, seria outra coisa, e tudo isso é vida, é tempo de vida, “cheia de momentos bons e de momentos maus”. E cuidar da sua morada é uma das melhores formas de desfrutar o tempo de vida; cuidar da casa é cuidar de si.

Criar um lar agradável não tem nada a ver com dinheiro. Às vezes, deixa-se de decorar um cantinho esperando o momento ideal para ter uma coisa perfeita. Mas casa, assim como nós, não tem nada a ver com perfeição. Aliás, Drummond, em seu poema “casa arrumada”, diz lindamente, como só os poetas sabem dizer, do que se trata uma casa com vida.

Poema completo no link: https://www.pensador.com/casa_arrumada/

 

 

Texto de Giovana Reis Mesquita

Psicóloga do TRE-BA

 

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Dicas dos Servidores

Após a implantação do PJE e a vigência da nova resolução que trata da prestação de contas dos partidos políticos, tenho observado a grande quantidade de equívocos nas petições iniciais, o que gera retrabalho e atraso na evolução do processo, já que o cartório deve certificar, passar a despacho e efetivar as retificações na autuação. Somente após isso é que as demais providências são tomadas, o que gera demora em alguns dias, para o desfecho.
Ultimamente cumpri vários atos de retificação de autuação, em situações que poderiam ser evitadas facilmente com disseminação de informações sobre a petição inicial da prestação de contas, notadamente a de declaração de ausência de movimentação.
A partir do momento em que a prestação de contas deixa de ser procedimento administrativo e passa a jurisdicional, formalidades mínimas quanto à petição inicial devem ser observadas, salvo melhor juízo, apesar de ser um processo atípico, sem a "triangulação" processual.
Entre os equívocos mais comuns estão:
- peticionamento perante o segundo grau de jurisdição;
- autuação em zona diversa da competente, em locais com mais de uma zona;
- classificação incorreta (PETIÇÃO CÍVEL - Regularização... X PRESTAÇÃO DE CONTAS);
- ausência dos nomes dos responsáveis - presidente e tesoureiro - e de sua qualificação;
- falta de qualquer justificativa para o fato de o partido não ter movimentação durante todo o ano ("causa de pedir"), em caso de declaração de ausência de movimentação de recursos.
Assim, elaborei um formulário modelo de petição, que poderá servir de orientação para aqueles que tenham dúvida, conforme link abaixo, com a redação a ser adaptada e melhorada.
Submeto à avaliação de conveniência quanto à divulgação no Blog:


Atenciosamente,
João Evódio Silva Cesário
Analista Judiciário | ZE-048