(...) Desde pequena danço, dancei profissionalmente e me tornei
coreógrafa. Fui da geração que estudou Martha Graham, José Limón, Laban, Mercê
Cunningham, Rolf Gelewisky. Amamos Pina Baush, Maurice Bejart, Win Wandekeibus
e Jiry William.
Estudei a forma, ensinei ballet
clássico me identifiquei com a dança moderna e o experimentalismo das
universidades de arte. Tive uma carreira bonita e cheia de glamour. Porém,
desde muito jovem, me sentia inquieta e precisava saber mais sobre expansão da
consciência, meditação e técnicas de curas e espiritualidade. Com esta temática
me rodeando, e a paixão pela dança, certamente tive que escolher qual caminho
trilhar. Escolhi definitivamente ha 15 anos atrás, a dança como medicina.
A função da medicina é
propiciar a cura, esta advém da integração da vontade humana na vontade do eu
interior. Em outras palavras, da união da forma com os padrões do seu
arquétipo. (Arquétipo e Corpo). A dança como forma de libertar o ser das
críticas e julgamentos. A função da dança como medicina é prover, portanto,
condições favoráveis para a ação da força de vida universal, ela exerce
verdadeiro trabalho de cura assim como o alimento, água e ar fornecem materiais
para esta mesma força reparar os tecidos do corpo e regenerar as células.
A dança consciente que aproxima
as pessoas, que expressa à essência da verdade, daquilo que a atenção plena ao
momento presente favorece. O indivíduo é o canal da manifestação, sua
consciência é o regente da dança. A consciência não existe por si só, ela é
fruto da interação de duas polaridades, o poder da energia criadora e a
receptividade da matriz universal.
Fui à procura de mestres,
coaches, professores espirituais, participei de retiros intensivos, me
perguntando: como curamos?
Para a cura efetuar-se é
preciso fé e intenção de transformar-se, pois ela não depende exclusivamente de
agentes materiais. A cura do corpo físico, do emocional ou do mental , quando
verdadeira, decorre da cura interior. A cura aproxima a criatura da face
sagrada.
É porque os processos mentais
podem nos desassociar e nos roubar do instante presente.
Esse roubo energético, contudo,
me fascinou por muito tempo, como posso estar viva e presente, se os meus
pensamentos me desviam da experiência em si? A dança consciente é uma
ferramenta potente para desarmar muros de proteção, e fazer fluir seres
empacados na mente racional.
Quando a razão adquire o
controle dos movimentos, a mente concreta não pode unir-se a mente abstrata,
nem reconhecer os padrões arquetípicos que deveriam ser expressos. Hoje reconheço
nos meus discípulos, dançarinos, as personalidades que já adentram nas aulas
livres, sem filtros e sem necessidade de controlar o processo. Vejo todos os
dias pessoas descongelarem as armaduras. No terceiro corpo (grupo), a nossa
união em torno da mesma meta e sua atividade ritmada durante certo tempo cria
no plano subjetivo uma entidade de cura.(...)
Dedico-me a facilitar workshops
inspirando pessoas a explorar possibilidades de estar presente e escutar o
corpo que sussurra. A dança consciente, meditativa, xamânica, nos coloca em
sincronia com os ritmos da natureza, ou pelo menos abre as portas de novas
percepções que é a escuta do campo que vibra. Detectamos os estados energéticos
repercutidos sobre nossos sentidos percebidos como ondas de energia que podem
vir como aroma, som, cor, formas. Tudo que é manifestado, todo universo é
vibração. O tipo, a intensidade, a qualidade e o tom de uma vibração detectada,
dão indícios acerca de sua fonte.(...)
A inteligência corporal é um
dom que possibilita transitar em mundos paralelos, em dimensões, onde ocorre o
desdobramento de um nível de consciência a outro. As diferentes frequências
vibratórias de cada nível que se apresenta. Aprendi na prática quando é preciso
lutar, ou ceder, amar ou dar limites, aproximar ou separar. Aprendi a escutar
meu corpo, minha intuição, seguir meu ritmo, criar meus símbolos sagrados
pessoais e ritos de passagem.
No estado só mental não
escutamos as informações que vem de outros lugares do corpo e do espaço como
dos sonhos, da meditação, da intuição e do coração. Mudem de lugar, escolham
outra perspectiva, arrisquem, saiam da rotina, chorem, cantem, diga eu te amo,
aprendam a ler o vocabulário energético. A comunicação da vida. Dançar, em vez
de dormir, caminhar, caminhar e limpar os pensamentos, correr, parar e
silenciar. Escutar sem repetir padrões. Fazer tudo diferente e sentir o que
acontece com seu corpo emoção e fluxo. Atentem-se as sensações e o modo como se
movimenta na vida. Pare, escute o silêncio de dentro, onde tudo é paz, terreno
de Cocriação. Desista de você. Se entregue a dança. Desista de projetar seus
desejos e filmes no outro. Introspecte, seja espaço, som, luz, ritmo.
Frequências de vibrações elevadas. Faça sua alma dançar. Dançar para cocriar,
Dançar para unir, dançar para curar, dançar para celebrar.
Como gosto de escutar o espaço
e o que não é dito, vejo nos gestos algo que nos assemelha, vejo nossos medos e
muita vontade de acertar, vejo nos círculos mais sábios a insegurança da
criança interior, vejo a criança interior negligenciada em quase todos.
Salvemos a alegria, a pureza e a fantasia! Nossa criança interna precisa ser
reconhecida, amada e honrada. Ela é o princípio do buscador.(...)
O mundo tem um ritmo, a
existência possui uma cadência que podemos codificar apreender e sentir uma
cadência de infinitas possibilidades. Não estamos falando da cadência monótona
dos ponteiros do relógio. “O
dançarino tem o ouvido – nos dedos dos pés!”. O mundo se move em
uma cadência singular em cada ponto, somos parte deste ritmo, sentimos em cada
célula, colocamo-nos em harmonia ou desarmonia com ele. Dançamos a Vida!
Movimento para a vida!
@giselarocha
@movimentforlifebrasil
https://wsimag.com/pt/espetaculos/50318-dance-with-me
Nasceu e cresceu em Salvador da Bahia, onde também começou sua
dança-educação, incluindo dança clássica e moderna. Aos dezoito anos, continuou
seus estudos na Universidade Federal da Bahia e no Instituto Limón, na cidade
de Nova York. Entre seus temas, estavam técnicas de ballet clássico, Laban,
Graham e Limón, bem como improvisação e coreografia. Criadora do Movement for Life - MFL, método que integraliza o movimento
e autoconhecimento (https://www.movementforlifebrasil.com/ ).
A paixão de Gisela Rocha pela dança e pelo movimento se
reflete em mais de 30 coreografias realizadas em vários países. Gisela
conduz *workshops* de movimento em todo o mundo e é membro
de júri em competições internacionais de dança em Berlim e Seul, entre outras.
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