A humanidade tem passado ao longo de sua existência por períodos de pandemias que resultaram em perdas de milhões de vidas. Constam relatos desde o ano 430 A.C. com a Praga de Atenas (provável Febre Tifóide) e o da Peste Antonina (provável Varíola) que afetou o Imperio Romano a partir do ano 165 com estimativa de 5 milhões de mortes. Na Idade Media, século XIV, 1347 a 1353, a Peste Negra ou Peste Bulbônica ceifa a vida de 20 milhões de pessoas, a maioria da Asia central e Europa. No século 19, a partir de 1816 com sucessivos surtos pelo mundo nas décadas subsequentes vem a Cólera. O século XX com seus progressos e guerras, tem o aparecimento de Febre Espanhola em 1918 e 1919 (provável mutação do Vírus Influenza) durante a 1ª grande guerra causando mais morte que o próprio confronto com estimativa de perda de vidas em 50 milhões. Passam os anos e em 1981 surge a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ( AIDS ) pelo Vírus HIV, tornando-se uma pandemia que causou até 2018 cerca de 32 milhões de óbitos em todo o mundo. Mais recentemente, em 2003, surge casos de pneumonias atípicas graves relacionadas com o Coronavirus SARS-COV que não se tornou pandemia por ação rápida das autoridades locais e da OMS. Em 2009 surge a Gripe A causada pelo vírus H1N1, sendo combatida com vacinação em massa.
Atualmente nos deparamos
com a mais recente pandemia causada pelo novo coronavírus SARS COV2 ou COVID 19
causando quadro de pneumonia de rápida evolução para uma síndrome aguda
respiratória grave de transmissibilidade elevada possibilitando taxas de
disseminação da infecção até 10 vezes mais rápida que o SARS COV. Dados
recentes descrevem que o vírus também pode afetar o sistema cardiovascular
provocando injuria e simular quadro de infarto agudo do miocárdio, evoluindo
também como miocardite, insuficiência cardíaca, choque ou arritmias complexas.
Esses danos são mais frequentes nos pacientes com fatores de risco
cardiovascular ( idade avançada, HAS (Hipertensão Arterial ) ou Diabetes) e nos
portadores de doença cardiovascular como a Doença Arterial Coronária (angina/infarto),
doença cerebrovascular ou Cardiopatias. Nos pacientes saudáveis abaixo de 60 anos e crianças, a grande maioria
terá uma forma branda da doença que será confundida com uma gripe ou passará
assintomática, daí o grande potencial de transmissibilidade!.
Em todo o mundo,
profissionais de saúde, pesquisadores e cientistas buscam entender o comportamento
do vírus, sua forma de agir e seus mecanismos de agressão para proporem
tratamento adequado e desenvolvimento da vacina que venha evitar novos surtos e
milhares de vítimas. No momento, devemos seguir as orientações da OMS
(Organização Mundial de Saúde), do Ministério da Saúde e das várias Sociedades
Médicas envolvidas no combate à pandemia. Podemos resumir e reforçar algumas
orientações:
1- Intensificar
as medidas de prevenção: Distanciamento social, evitar aglomerações,
higienização frequentes das mãos e cuidados no manuseio de objetos manipulados
por outras pessoas ( compras de supermercado, entrega de Delivery...),
principalmente no grupo de pacientes com fatores de risco cardiovascular.
2- Os
portadores de doença cardiovascular devem ser estimulados a rigorosa aderência
às medidas preventivas além de manter uso regular das medicações, dieta
adequada, boa hidratação, atividade física regular, evitar TABAGISMO e
ETILISMO. Observar as vacinas que são especialmente necessárias nesse grupo como
a Pneumocócica e a da Influenza.
3- Atividade
física em casa pode ser na varanda, garagem, sala, jardim ou em áreas livres do
condomínio desde que use máscara e mantenha o distanciamento adequado. Lembrar
que para atingir o efeito necessário o exercício deve ter duração de 150 min
por semana divididos em 3 a 5 períodos, evitando ficar mais de 48 horas de
intervalo sem a atividade para manter os efeitos benéficos. Ao retornar à
residência deixar o calçado na porta ou retirar e levar para área de serviço
onde será limpo com desinfetante/água
sanitária.
4- Manter
a rotina de horários de acordar, se alimentar e dormir no período de
distanciamento social. Estimular leitura de livros, revistas e artigos com
assuntos de interesse e variados, evitando ficar tempo prolongado assistindo aos
noticiários de televisão para reduzir angustia e stress, comuns no
confinamento. A saúde mental é vital para manter a saúde física.
5- Se
estiver usando medicação de uso contínuo e tenha alguma informação de que não
deve ser usada em função da pandemia, procure confirmar com seu médico quanto a
real necessidade de suspensão ou troca da mesma. Evite a automedicação!.
Concluindo, acolher as
orientações médicas, manter hábitos saudáveis e procurar equilíbrio emocional
vai ajudar a passar esse período que ficará também marcado nos textos de nossa
História.
Antonio Carlos F. Queiroz CREMEB-
8206
Cardiologista e Ecocardiografista da Cardioprev
e Cardiopulmonar
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