As mudanças em nossos hábitos e
comportamentos não param de acontecer diante do novo coronavírus. E uma das
mais notáveis se encontra dentro de casa, onde as rotinas foram sensivelmente
alteradas, ainda mais para quem convive com crianças.
O confinamento se dá em casa. A
casa se tornou o centro de tudo. Não foi só o trabalho que se mudou para o lar,
se mudaram também a escola, o playground, o restaurante, a academia, o cinema.
Os adultos que trabalhavam um período fora se depararam com um novo desafio: conviver
com as crianças em tempo integral e com as demandas delas.
Assim, além de sobrecarregados
com todas as tarefas (antigas e novas) não houve preparação para essa nova
realidade.
Para os filhos talvez esteja
sendo uma oportunidade de ouro poder conviver mais com os pais, entender um
pouco o que eles faziam ao sair todos os dias para trabalhar. E isso pode ser
um ótimo momento para trocas e vivências impossíveis de acontecer se não fosse
esta nova configuração de vida. Uma receita que se faz junto, almoços
divertidos, vida sem o estresse do trânsito... se bem aproveitadas, essas
experiências poderão ficar como boas memórias em tempos difíceis.
Passadas a euforia ou ansiedade
inicial e o tempo necessário para as coisas se organizarem, é preciso lembrar
que crianças precisam de rotina. E isso inclui dar a elas um pouco de
responsabilidade de acordo com a idade. É bom aprender, desde pequeno, que as
tarefas de casa competem a todos que moram nela, posto que se vive em uma casa
e não em uma pousada. Alimentar os animais, guardar a roupa suja, colocar a
mesa são exemplo de atividades que podem ser dadas aos pequenos não só neste
momento. Isso gera amadurecimento, empatia e senso de responsabilidade. E torna
o lar mais funcional para todos.
Para as crianças menores, a
questão corporal é mais preponderante e necessitam ter um tempo e espaço para
gastar essa energia. Ficar só vendo TV ou em jogos de computador não é
suficiente. Mas é bom lembrar que brincar e depois se entediar com a
brincadeira competem à criança; é ela que tem que lidar com isso. É uma
atividade da infância. Adultos cuidam e se interessam por outras coisas.
Crianças precisam menos de
animadores, de manuais ou dicas de profissionais e mais sensibilidade, amor e
regras.
Estamos vivendo um ano atípico e
isso se refere também à educação. Então é preciso fazer apenas o que for
possível, o que foi perdido será recuperado ao longo dos próximos anos. No
mais, escola é tarefa de quem estuda e, portanto, desde muito cedo é bom fazer
as crianças se interessarem por ela independente da cobrança dos pais ou de
seus responsáveis. Aos adultos cabe fomentar a curiosidade pelo saber; e não
sentar pra estudar regra de três de novo. Cada um com suas atribuições, não é
mesmo?
E assim vai se tecendo a missão de estar nesta nova
configuração de vida. É um desafio como tantos outros na vida; um período mais
turbulento. E em momentos como esses precisamos cuidar de nós e dos nossos.
Assim, para os que estão em
trabalho remoto, se não estabelecerem uma rotina organizada também para si,
podem estar trabalhando sem hora pra começar e pra terminar, sem final de
semana, sem feriado. Tudo justificado pela ideia do “já que estou em casa
mesmo...”. É importante respeitar os horários de trabalho, pois, como aponta a
psicanalista Vera Iaconelli, tudo que não paramos pra resolver, vamos parar ao
adoecer.
Para isso, seria bom tentar
baixar as expectativas e cobranças. Não temos que dar conta de tudo porque não
se consegue mesmo dar conta de tudo. E está tudo bem ser assim. É normal sentir
medo, ansiedade, falta de paciência, ter pratos sujos e terminar o dia com a
sensação de que não se faz nada que se tinha planejado. É assim mesmo. Relaxa,
liga o som e amanhã é um novo dia.
Texto de Giovana Reis Mesquita
Analista Judiciário - Psicóloga
Obrigada, Gio, pelas suas orientações e reflexões, servem para todos nós, quem tem filhos pequenos, adolescentes, quem está com a companhia de idosos e pra nós mesmos. Tentar relaxar, ter fé e se reinventar. bjs e obrigada.
ResponderExcluirObrigada pelo seu comentário, Marta! bjs :*
ResponderExcluirGiovana, parabéns pelo seu artigo!
ResponderExcluirSuper concordo com nossa colega Marta Brasil! Suas orientações têm um alcance muito amplo, servem para a reflexão de todos nós, mesmo sem crianças.
Não temos mesmo que dar conta de tudo! E relaxar é sempre o melhor caminho!
Um dia de cada vez! Mente sã, Corpo são!
Obrigada pela sua presença sempre tão serena!
Beijo, com afeto!
Esqueci de assinar, rsrs.
ExcluirEliana Maciel
Obrigada por suas palavras, Lia! Bjs
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