quarta-feira, 15 de julho de 2020

Querida, confinei as crianças! (a vida em confinamento com crianças)



  
As mudanças em nossos hábitos e comportamentos não param de acontecer diante do novo coronavírus. E uma das mais notáveis se encontra dentro de casa, onde as rotinas foram sensivelmente alteradas, ainda mais para quem convive com crianças.

O confinamento se dá em casa. A casa se tornou o centro de tudo. Não foi só o trabalho que se mudou para o lar, se mudaram também a escola, o playground, o restaurante, a academia, o cinema. Os adultos que trabalhavam um período fora se depararam com um novo desafio: conviver com as crianças em tempo integral e com as demandas delas.

Assim, além de sobrecarregados com todas as tarefas (antigas e novas) não houve preparação para essa nova realidade.

Para os filhos talvez esteja sendo uma oportunidade de ouro poder conviver mais com os pais, entender um pouco o que eles faziam ao sair todos os dias para trabalhar. E isso pode ser um ótimo momento para trocas e vivências impossíveis de acontecer se não fosse esta nova configuração de vida. Uma receita que se faz junto, almoços divertidos, vida sem o estresse do trânsito... se bem aproveitadas, essas experiências poderão ficar como boas memórias em tempos difíceis.

Passadas a euforia ou ansiedade inicial e o tempo necessário para as coisas se organizarem, é preciso lembrar que crianças precisam de rotina. E isso inclui dar a elas um pouco de responsabilidade de acordo com a idade. É bom aprender, desde pequeno, que as tarefas de casa competem a todos que moram nela, posto que se vive em uma casa e não em uma pousada. Alimentar os animais, guardar a roupa suja, colocar a mesa são exemplo de atividades que podem ser dadas aos pequenos não só neste momento. Isso gera amadurecimento, empatia e senso de responsabilidade. E torna o lar mais funcional para todos.

Para as crianças menores, a questão corporal é mais preponderante e necessitam ter um tempo e espaço para gastar essa energia. Ficar só vendo TV ou em jogos de computador não é suficiente. Mas é bom lembrar que brincar e depois se entediar com a brincadeira competem à criança; é ela que tem que lidar com isso. É uma atividade da infância. Adultos cuidam e se interessam por outras coisas.

Crianças precisam menos de animadores, de manuais ou dicas de profissionais e mais sensibilidade, amor e regras.

Estamos vivendo um ano atípico e isso se refere também à educação. Então é preciso fazer apenas o que for possível, o que foi perdido será recuperado ao longo dos próximos anos. No mais, escola é tarefa de quem estuda e, portanto, desde muito cedo é bom fazer as crianças se interessarem por ela independente da cobrança dos pais ou de seus responsáveis. Aos adultos cabe fomentar a curiosidade pelo saber; e não sentar pra estudar regra de três de novo. Cada um com suas atribuições, não é mesmo?

E assim vai se tecendo a missão de estar nesta nova configuração de vida. É um desafio como tantos outros na vida; um período mais turbulento. E em momentos como esses precisamos cuidar de nós e dos nossos.

Assim, para os que estão em trabalho remoto, se não estabelecerem uma rotina organizada também para si, podem estar trabalhando sem hora pra começar e pra terminar, sem final de semana, sem feriado. Tudo justificado pela ideia do “já que estou em casa mesmo...”. É importante respeitar os horários de trabalho, pois, como aponta a psicanalista Vera Iaconelli, tudo que não paramos pra resolver, vamos parar ao adoecer. 

Para isso, seria bom tentar baixar as expectativas e cobranças. Não temos que dar conta de tudo porque não se consegue mesmo dar conta de tudo. E está tudo bem ser assim. É normal sentir medo, ansiedade, falta de paciência, ter pratos sujos e terminar o dia com a sensação de que não se faz nada que se tinha planejado. É assim mesmo. Relaxa, liga o som e amanhã é um novo dia.


Texto de Giovana Reis Mesquita
Analista Judiciário - Psicóloga

5 comentários:

  1. Obrigada, Gio, pelas suas orientações e reflexões, servem para todos nós, quem tem filhos pequenos, adolescentes, quem está com a companhia de idosos e pra nós mesmos. Tentar relaxar, ter fé e se reinventar. bjs e obrigada.

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  2. Obrigada pelo seu comentário, Marta! bjs :*

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  3. Giovana, parabéns pelo seu artigo!
    Super concordo com nossa colega Marta Brasil! Suas orientações têm um alcance muito amplo, servem para a reflexão de todos nós, mesmo sem crianças.
    Não temos mesmo que dar conta de tudo! E relaxar é sempre o melhor caminho!
    Um dia de cada vez! Mente sã, Corpo são!
    Obrigada pela sua presença sempre tão serena!
    Beijo, com afeto!

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Dicas dos Servidores

Após a implantação do PJE e a vigência da nova resolução que trata da prestação de contas dos partidos políticos, tenho observado a grande quantidade de equívocos nas petições iniciais, o que gera retrabalho e atraso na evolução do processo, já que o cartório deve certificar, passar a despacho e efetivar as retificações na autuação. Somente após isso é que as demais providências são tomadas, o que gera demora em alguns dias, para o desfecho.
Ultimamente cumpri vários atos de retificação de autuação, em situações que poderiam ser evitadas facilmente com disseminação de informações sobre a petição inicial da prestação de contas, notadamente a de declaração de ausência de movimentação.
A partir do momento em que a prestação de contas deixa de ser procedimento administrativo e passa a jurisdicional, formalidades mínimas quanto à petição inicial devem ser observadas, salvo melhor juízo, apesar de ser um processo atípico, sem a "triangulação" processual.
Entre os equívocos mais comuns estão:
- peticionamento perante o segundo grau de jurisdição;
- autuação em zona diversa da competente, em locais com mais de uma zona;
- classificação incorreta (PETIÇÃO CÍVEL - Regularização... X PRESTAÇÃO DE CONTAS);
- ausência dos nomes dos responsáveis - presidente e tesoureiro - e de sua qualificação;
- falta de qualquer justificativa para o fato de o partido não ter movimentação durante todo o ano ("causa de pedir"), em caso de declaração de ausência de movimentação de recursos.
Assim, elaborei um formulário modelo de petição, que poderá servir de orientação para aqueles que tenham dúvida, conforme link abaixo, com a redação a ser adaptada e melhorada.
Submeto à avaliação de conveniência quanto à divulgação no Blog:


Atenciosamente,
João Evódio Silva Cesário
Analista Judiciário | ZE-048